Fabio Lione é uma das grandes vozes do heavy metal mundial e prova isso mais uma vez em sua turnê solo, apropriadamente intitulada “Epic Tales Tour”. E um show épico foi o que ele promoveu em Belo Horizonte no último dia de janeiro de 2025, senhoras e senhores.
Apesar de nunca ter embarcado em uma carreira solo, Fabio tem uma longa lista de serviços prestados ao mundo da dita música pesada e aproveitou o momento das férias do Angra para excursionar pelo Brasil homenageando as três bandas nas quais permaneceu mais tempo: Rhapsody of Fire (com quem gravou 11 álbuns de estúdio), Vision Divine (quatro álbuns) e atual, a supracitada Angra, além de também usar sua voz poderosa para prestar tributo a algumas de suas principais influências. Mas estou me adiantando.
A noite começou com os cariocas do Innocence Lost, banda de power/prog metal do Rio de Janeiro. Liderada pela carismática Mari Torres, o quinteto iniciou a noite apresentando o que tem de melhor em sua discografia e, apesar de alguns problemas com o áudio, conseguiu transmitir uma boa energia de cima do palco e deixar o público que ainda chegava ao Mister Rock animado para o que viria a seguir.
O que veio a seguir foi o quinteto paulista Enorion, cujos integrantes, à exceção do vocalista Felippe Castello, são os mesmos que dão suporte à Lione nessa turnê e voltariam ao palco logo em seguida. Antes de prestarem serviços ao “Mago”, como o vocalista italiano é carinhosamente conhecido pelos fãs, o Enorion fez um show curto, mas muito empolgante, especialmente na parte final, quando emendaram três músicas que apelaram aos saudosistas presentes: uma versão power metal para “He-Man”, originalmente gravada pelo Trem da Alegria, “Saint Seya”, tema do desenho “Cavaleiros do Zodíaco”, imortalizado na voz de Edu Falaschi e “Eagle Fly Free”, clássico do Helloween. Antes disso, claro, a banda apresentou material original de bastante qualidade.
Não demorou muito após o final do show do Enorion para o sistema de som do Mister Rock começar a executar “Lux Triumphans”, intro do álbum “Dawn of Victory”, do Rhapsody of Fire, cuja faixa título abriu efetivamente os trabalhos com o público entoando seu refrão a todo pulmão.
Como dito acima, Fabio Lione ainda não se dedicou à uma carreira solo, logo, seu show foi dividido em três partes. Na primeira, que corresponde à maior fatia da apresentação, o cantor revisitou sua carreira ao lado do Rhapsody of Fire e conseguiu manter o público engajado e empolgado, mesmo quando a música executada era uma balada. Um dos grandes momentos do show foi justamente em “The Magic of the Wizard’s Dream”, uma balada. Originalmente um dueto entre Fábio e o falecido ator Christopher Lee, o “Mago” foi capaz de mostrar aqui toda a versatilidade de suas pregas vocais, fazendo tanto a voz mais aguda que lhe é comum quanto o tom de barítono, bem mais grave, de Lee, sem demonstrar qualquer dificuldade. Já na parte mais “pesada” da apresentação, podemos destacar “Unholy Warcry”, “Holy Thunderforce” e “Land of Immortals”.
“The Village of Dwarves” fecha a primeira parte da apresentação e então Fabio se volta para o Angra. Como ele ainda não tem uma música muito marcante na banda (ainda que este que vos escreva possa pensar em diversas faixas gravadas por ele com o Angra que poderiam ter sido tocadas nesta turnê), ele preferiu jogar em um campo mais seguro e, com convidados especiais, tocou “Rebirth”, “Nova Era” e “Bleeding Heart” (todas da era Falaschi). Logo a seguir, foi a vez de “Send me an Angel” e “Violent Loneliness”, do Vision Divine.
A terceira parte do show é uma mistura de homenagens a influências e bandas das quais ele não fez parte efetivamente, mas com as quais excursionou, caso do Kamelot, onde preencheu a função de vocalista em uma turnê enquanto os americanos selecionavam um vocalista e aqui executou “Forever”. Além disso, Europe (“Carrie”), Scorpions, (“Still Loving You”), Gaetano Donizetti (“L’esilir d’amore”), Andrea Bocelli (“Time to Say Goodbye – Con te partirò”, essa com a participação de Felippe Castello) e Iron Maiden (“Wasted Years”), que fechou os trabalhos, foram executadas aqui no vocal potente e melodioso de Fabio Lione.
Se fosse só pela voz, Lione já teria dado um show irrepreensível. No entanto, o homem não se restringe a isso, sendo um showman completo da mesma estirpe de um Bruce Dickinson, conversando e interagindo com o público o tempo todo, demonstrando um carisma raro, mas muito bem vindo. Por isso tudo, qualquer apresentação de Fabio Lione vale o ingresso, mesmo que seja apenas para vê-lo contando casos de bastidores de suas turnês (a história envolvendo Simone Simons [Epica], Alyssa White-Guz [Arch Enemy] e Elize Ryd [Amaranthe] durante uma turnê do Kamelot é impagável).
O Rock Master agradece à Lucélio Henrique (Mister Rock) pela parceria que proporcionou mais essa cobertura.
Foto: Alexandre Guzanche (arquivo)
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