Trouble se adapta aos novos tempos em “Plastic Green Head”

Olha aí mais uma colaboração do Rodrigo ‘Piolho’ Monteiro para o Rock Master!

Em 1995 o cenário musical dos Estados Unidos, pelo menos no que diz respeito ao rock n’ roll, era dominado pelo grunge. Bandas como Nirvana, Soundgarden, Alice in Chains e Pearl Jam, só para mencionar as mais proeminentes, davam as cartas. O sexto álbum do Trouble, “Plastic Green Head”, lançado naquele ano, tentou incorporar elementos do estilo em sua sonoridade, com resultados que podem ser considerados, no mínimo, mistos.

“Plastic Green Head” marca a volta do baterista Jeff Olson, que havia saído da banda em 1986, pouco antes do lançamento do terceiro álbum da banda, “Run to the Light“. O vocalista Eric Wagner, os guitarristas Bruce Franklin e Rick Wartell e o baixista Ron Holzner completaram a formação do último álbum do Trouble no século XX. A banda só voltaria mais de uma década depois, para a gravação de “Simple Mind Condition”, de 2007.

“Plastic Green Head”, apesar de ser um bom trabalho, é um tanto quanto inconsistente. A banda, aqui, se distancia um tanto do Doom Metal que marcou seus primeiros álbuns e investe mais em uma sonoridade voltada para a psicodelia dos anos 1960, com pitadas de stoner rock, hard rock e do supracitado grunge, aliada à já costumeira sonoridade que lembra bastante o Black Sabbath.
Essa mistura gerou algumas boas músicas, mas algumas delas, infelizmente, parecem genéricas e falham em prender a atenção do ouvinte.

Existem grandes momentos aqui, especialmente na primeira metade do álbum. A faixa título, que abre o trabalho, traz uma sonoridade muito boa, típica do Trouble. “The Eye”, e “Flower”, que vem a seguir, mantém o nível de qualidade. O mesmo pode ser dito para “Porpoise Song”, cover dos Monkees que tem um excelente trabalho de guitarra. “Opium-Eater”, que vem na sequência, é onde as influências do grunge mais podem ser sentidas. Toque-a para um fã desavisado e muitos a apontariam como uma música do Alice in Chains.

Os bons momentos, no entanto, se tornam mais raros na segunda metade do álbum. De “Hear the Earth” em diante, apenas “Below Me”, uma faixa com uma boa pegada setentista se destaca. As demais músicas (são 12 no total) poderiam ter ficado de fora da bolachinha. Incluíndo, aí, uma versão bem fraca para “Tomorrow Never Knows”, dos Beatles.

No fim das contas, pode-se dizer que “Plastic Green Head” mostra um Trouble ainda competente, mas meio perdido, provavelmente devido ao momento pelo qual a música norte-americana estava passando então. Há momentos bons, mas, no geral, o álbum fica abaixo da expectativa.

Recomendado principalmente para fãs do quinteto de Chicago, “Plastic Green Head” foi lançado por aqui através da Hellion Records.

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