Angra toca para casa cheia em BH e abertura do Medjay

O ano era 2001. O Angra havia acabado de passar por sua maior reformulação, ao ver o vocalista André Mattos, o baixista Luís Mariutti e o baterista Ricardo Confessori deixarem a banda para embarcar em outra jornada musical (o Shaman). Coube aos guitarristas Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro remontarem a banda.

Com Edu Falaschi, Felipe Andreolli e Aguiles Priester substituindo, respectivamente, os membros perdidos, em 2002 o Angra voltava aos palcos com a turnê de seu álbum apropriadamente intitulado “Rebirth” (“Renascimento”). A turnê de divulgação do trabalho passou por Belo Horizonte naquele ano, com a banda se apresentando para um público empolgado que lotou as dependências do então Lapa Multshow. Eu estava lá naquele dia, e, obviamente, também estava lá no mesmo local – agora sob nova direção e chamado A Autêntica – no último dia  17/06, quando o quinteto novamente reformulado, agora contando com Fábio Lione nos vocais, Marcelo Barbosa e Rafael nas guitarras, Felipe no baixo e Bruno Valverde nas baquetas veio à Belo Horizonte na turnê especial que comemora os 20 anos de lançamento de “Rebirth”. Assim como naquele longíquo sábado de 2002, a casa estava cheia e o Angra fez um show muito bom. Mas estou me antecipando.

A noite foi aberta pelos mineiros do Medjay. Capitaneada pelo carismático Phil Lima (vocal e guitarra) e completa por Samuka Vilaça (baixo), Freddy Daniels (guitarra) e Riccardo Linassi (bateria) o quarteto mineiro (com um apoio de um tecladista nessa apresentação) é adepto de um power metal com influências da música do Oriente Médio, que combina com sua temática, que é focada nas tradições, lendas e histórias do Egito antigo. Com dois álbuns na bagagem, “Sandstorm” (2020) e “Cleopatra VII” (2022), o Medjay segue a linha de bandas que se preocupam não apenas com sua sonoridade, mas também em criar toda uma atmosfera para sua performance, com dançarinas convidadas ajudando o público a entrar no clima do show e tomando o palco ora sozinhas, ora durante as músicas.

Apesar de um problema com o microfone de Phil na primeira música do show, a pesada “Stargate” e algumas microfonias (que ocorreram também durante o show do Angra), o Medjay fez uma apresentação bem correta, com boa sonoridade, um setlist que apresentou seu som para aqueles da plateia que os viam pela primeira vez e, encerrando os trabalhos com um cover do Helloween (“Power”), deixou A Autêntica prontinha para receber a atração principal.

Atração essa que atrasou mais de 40 minutos para entrar no palco devido a problemas com um de seus equipamentos. Isso resolvido, no entanto, o Angra chega já levantando o público com um de seus maiores clássicos: “Nothing to Say”, do álbum “Holy Land”, de 1996. A ela se segue “Black Widow’s Web”, do trabalho mais recente, “Omni”.

Gelo quebrado, Fábio Lione conversa com o público e entramos na razão de ser da turnê: a execução, de cabo a rabo, de “Rebirth”, na mesma ordem em que as músicas se encontram no álbum. O público que lotava A Autêntica se preparou bem para a turnê, já que cantou a maioria das músicas em alto e bom som, criando um clima muito legal para a apresentação da banda, mesmo com alguns problemas de microfonia se repetindo aqui e ali.

Já sabendo que tinha o público na mão, após a execução de “Rebirth” na íntegra, a banda se arriscou tocando músicas que, ou nunca haviam tido uma versão ao vivo ou há muito não faziam parte do setlist. Isso fez com que em alguns momentos a resposta do público fosse menos entusiasmada do que anteriormente, mas nada que comprometesse a qualidade da performance da banda, que se mostrava extremamente feliz de tocar ao vivo depois de praticamente três anos impedido de fazê-lo devido à pandemia. Essa parte do setlist trouxe “The Course of Nature” (fora dos setlists do Angra desde 2011), “Metal Icarus”(fora desde 2015), “The Shadow Hunter” (fora desde 2006), “Bleeding Heart” (tocada pela primeira vez desde 2017) e “Upper Levels”. Como já virou tradição em shows de rock e metal, ao fim de “Upper Levels” o quinteto se despede do público apenas para voltar minutos depois com “Carry On”, que fecha os trabalhos levantando mais uma vez o público do A Autêntica.

Sempre que vem à BH o Angra entrega uma boa performance e toca para bons públicos. Isso aconteceu mais uma vez e, esperamos, continue a acontecer nas próximas passagens da banda por aqui.

Confira abaixo belas fotografias de ambos os shows nas lentes de Alexandre Guzanshe.

Galeria Medjay:

 

Galeria Angra:

Ouça a edição mais recente do Programa Rock Master:

Se preferir, clique no banner abaixo e escolha qual edição do Programa Rock Master quer ouvir: