Resenha: “The Gods Put the Demons on Earth” – Funeral Sex

Confesso que quando recebi o segundo álbum do Funeral Sex – trio paulista formado pelo vocalista/guitarrista Vladmir Matheus, a baixista Thaís Pancheri e o baterista Baxos Rokiaa  – do pessoal da Heavy Metal Rock para conferir, fui enganado. Afinal de contas, na minha cabeça, uma banda com esse nome e um álbum com uma capa como essa abaixo só poderia fazer black metal, ou no estilo mais tradicional ou na vertente atmosférica a exemplo de bandas como Caladan Brood e Summoning.

Pois bem. Bastou colocar a bolachinha pra rodar que a máxima que nos diz que não devemos julgar um livro – ou no caso, um CD – pela capa se provou correta. “Genesis”, música que abre os trabalhos e que foge do clichê das introduções, pois se trata de uma canção completa, passa longe do que eu esperava ouvir aqui. O que o Funeral Sex já mostra de cara é uma boa combinação de stone, indie e, principalmente, doom. Ainda que, diferente de nomes grandes do estilo, como o Draconian, o Funeral Sex invista muito pouco em vocais guturais. Eles aparecem aqui e ali, mas muito pouco e, quando o fazem, são muito bem encaixados.

“The Gods Put the Demons on Earth” segue com “The Most Demonic and Diabolic Creature on the Face of the Earth” e repete a tendência de sua predecessora. Começa lenta, climática, acelera um pouco – mas não muito – e segue em um ritmo arrastado (no bom sentido) por toda a sua duração.

Esse mesmo estilo de composição – começo lento, ligeira mudança de ritmo, compasso arrastado – marca praticamente todas as nove músicas de “The Gods Put the Demons on Earth”. Ainda assim, o trio paulista consegue trabalhar bem dentro dessa fórmula – por falta de uma palavra melhor – de forma que cada música tenha sua identidade única. Sabe aqueles álbuns onde uma música é tão semelhante à anterior (e à próxima) que dá uma sensação de déjà-vu constante? Pois é, aqui isso não acontece. O Funeral Sex consegue diferenciar cada música adequadamente, de forma que seja impossível confundir “Like Tears in the Rain” com “The Apocalypse”, por exemplo. O fato do trio formado por Vladmir, Thaís e Baxos ser bem competente em seus instrumentos, usando suas habilidades para criar o tipo de atmosfera que cada música pede, também ajuda bastante nisso.

Disponível em formato digital via SpotifyDeezerApple Music e Youtube e físico, esse segundo trabalho do Funeral Sex mostra uma banda com boas ideias, que sabe onde quer chegar e tem tudo para continuar no caminho de sua evolução musical.

Agradecimentos: Som do Darma.

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