Resenha: Mirror, My Mirror – Witchhammer

Eis que dois anos após a estreia com “The First and the Last” e da participação na coletânea “Warfare Noise II“, os mineiros do Witchhammer voltaram ao mercado com “Mirror, My Mirror” naquele que muitos consideram como o que de melhor a banda produziu em sua carreira. Já outros se incomodam com o experimentalismo e heterogeneidade do trabalho. Mas isso, claro, vai do gosto de cada um.

O fato é que, depois de 32 anos, a Cogumelo Records, em parceria com Voice Music e Classic Metal resgataram mais essa pérola de seu catálogo, relançando “Mirror, My Mirror” da forma que vem fazendo nos últimos anos: em formato de luxo, com slipcase e um pôster dupla face 36×36, com a reprodução da capa do álbum de um lado e uma reiterpretação dela no outro.

Como dito lá no primeiro parágrafo, “Mirror, My Mirror” é um álbum que causa certa estranheza na primeira audição pelo fato de ser muito variado. Mesmo sendo uma representante da música extrema e um dos pioneiros no cenário thrash/death da capital mineira, em seu segundo trabalho o Witchhammer quebra essa fórmula, explorando elementos do hard rock, do heavy tradicional, do punk e mesmo da música clássica.

“Liberty”, a intro que abre os trabalhos já mostra que esse não é um álbum de thrash/death convencional. Os vocais líricos – cortesia da cantora Sylvia Klein – e o violão trazem uma calma que não se sustenta quando a faixa título, depois de um começo mais lento, mas, ao mesmo tempo, pesado, acelera e traz um thrash muito bem feito, brutal, impossível de manter o pescoço parado. “Underground Ways” vem a seguir, pisando menos no acelerador, mas, no geral, mantendo a mesma pancadaria.

“From a Suicide Man to God” é o primeiro momento em que o Witchhammer traz à tona suas influências do punk rock, em uma faixa mais simples e direta, desaguando em um thrash metal brutal mais no final.  A experimentação continua em “Mad Inspiration”, uma música bem calcada no rock dos anos 1970, uma balada com uma certa aura Zeppeliana.

Sylvia volta em “A Party for the Sunrise” que começa lenta, mas logo engata a quarta marcha e traz riffs totalmente thrash e um belo solo de guitarra. Logo a seguir, volta a influência punk da banda em “The Worm That Turned Into Man”. Mais direta – como toda música punk deve ser – ela é a única no álbum onde as letras trazem trechos em inglês e português. “The Ice Starts to Met Again (Dartherium II) vem a seguir. É bastante densa, meio arrastada e se destaca do resto do álbum.

Na reta final, temos “Hair”, outra onde as influências do punk prevalecem e “The Lost Song”, onde o Witchhammer repete o que fez em “Medicine Blues” do álbum anterior, no sentido de que, aqui, o thrash e a agressividade são deixados de lado em prol de uma mescla de blues e rock, fechando o segundo álbum do quarteto então formado por Casito (baixo/vocal/gaita), Paulo Henrique (guitarra base/violão/vocal), Leandro Miranda (guitarra solo/violão/vocal) e Teddy (bateria).

No frigir dos ovos, “Mirror, My Mirror” é um grande trabalho do Witchhammer e merece o tratamento de luxo que recebeu em seu relançamento. Item indispensável na coleção de qualquer headbanger fã desse período da música extrema produzida por aqui.

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