Accept faz o melhor show do ano (até o momento) em BH

Com colaboração de Nataly Trevenzoli Rodriguez

Quando se vai a um show de uma banda de heavy metal, independente do subgênero ao qual ela pertence, a expectativa é sempre alta; quando se vai ao show de uma banda de heavy metal tradicional que ajudou a construir a fundação da escola alemã de metal, talvez a mais importante do mundo ao lado do NWOBHM, essa expectativa alcança patamares maiores do que o normal. Felizmente para os fãs e todos os apreciadores do gênero, bandas do calibre do Accept sabem muito bem de sua responsabilidade de conseguem alcançar a mesmo superar as expectativas daqueles que comparecem aos seus eventos. Prova disso é o bom número de pessoas que compareceu ao Mister Rock em Belo Horizonte em plena quarta-feira para acompanhar a apresentação dos alemães. Mas vamos por partes.

Se o prato principal seria servido por veteranos, a responsabilidade da entrada caberia a iniciantes na cena. Apesar de estarem na cena desde 2010, o Hellway Train passou por períodos turbulentos e hiatos até retomarem a carreira em 2020 e lançarem o EP “Lockdown Reborn” e o split “Haunted Trip” (2022). Finalmente, em 2024 a banda lançou seu primeiro álbum completo, “Borderline” e fez um show apresentando seu material para um público bastante receptivo em uma terra natal. Mesmo curto – cerca de 30 minutos de duração – os mineiros mostraram ao que vieram, com uma apresentação bastante energética e pesada, com destaque para a performance do vocalista Marc Hellway e seu visual excêntrico, por falta de palavra melhor. Vinicius Thram (guitarra), Chris Maia (baixo) e Filipe Stress (bateria) completam a formação da banda que saiu do palco aos gritos de “mais um, mais um”.

Pouco menos de uma hora depois, eis que o PA anunciava a atração principal. No melhor estilo das bandas alemãs veteranas, o Accept subiu no palco sem muita enrolação com “The Reckoning”, música de seu último álbum, o ótimo “Humanoid”, cuja faixa título viria logo a seguir. Liderado pelo guitarrista Wolf Hoffmann (único remanescente da formação original da banda, de 1976) a formação atual da banda conta com o vocalista Mark Tornillo (e seu estilo que lembra muito Brian Johnson, do AC/DC), Uwe Lulis (guitarra), Martin Motnik (baixo), Christopher Williams (bateria) e Philip Shouse (guitarra). Phillip, no entanto, teve que ficar de fora da turnê e foi substituído pelo excelente Joel Hoekstra (Whitesnake, Trans-Siberian Orchestra).

Substituir Philip temporariamente por Joel deve ter sido uma das decisões mais acertadas do Accept nos últimos tempos, já que o guitarrista se encaixou perfeitamente na banda, adicionando ainda mais qualidade não só à sua sonoridade, como contribuindo em muito para o espetáculo em si, tamanha a sua presença de palco.

Diferente de outros vocalistas alemães como Hansi Kürsh (Blind Guardian) ou Tobias Sammet (Avantasia), Mark não é de conversar muito com o público entre músicas, preferindo deixar a música falar mais alto. Coube mais à Wolf e Hoekstra pedirem que o público fizesse coro, batessem palmas ou jogassem os punhos para cima durante a apresentação. Não que isso fosse necessário, tamanha a química entre público e banda enquanto o sexteto em cima do palco detonava música atrás de música, mesclando seus clássicos com composições mais recentes em um setlist que ficou muito bem escolhido e surpreendentemente longo para uma banda com tanto tempo de estrada. Foram 19 músicas no total, com 16 delas na primeira parte do show. Aqui destacamos “Restless and Wild”, “Midnight Mover”, “Last of a Dying Breed”, “Shadow Soldiers”, “Teutonic Terror” e “Pandemic”, que fecharam essa primeira parte da apresentação.

Depois de um intervalo mínimo, a banda voltou ao palco para fechar a noite de forma eletrizante executando “Fast as a Shark”, “Balls to the Wall” e “I’m a Rebel”.

Cobrindo shows para este site e outros há mais de uma década, poucas foram as vezes em que vi um público tão em sintonia com uma banda, que fez por merecer toda a empolgação demonstrada, como nesta última passagem do Accept pela capital mineira. Uma empolgação merecida, tamanha a dedicação mostrada pela banda aos fãs em cima do palco.

O Rock Master agradece à In.Pacto Brasil Produções pela oportunidade de realizar essa cobertura.

Confira abaixo a galeria de fotos do show pelas lentes de Alexandre Gusanche.

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