The Gard estréia com álbum bastante cadenciado

Mais uma contribuição do Rodrigo “Piolho” Monteiro para o Rock Master.

Formado em 2010 em Campinas (SP), o The Gard começou sua carreira como uma banda tributo ao Led Zeppelin. Apesar disso, a ideia do trio composto por Beck Norder (vocal/baixo/guitarra), Allan Oliveira (guitarra solo) e Lucas Mandelo (bateria/backing vocal) sempre foram as composições autorais. Aos poucos, entre uma música e outra da banda de Robert Plant e Jimmy Page, o The Gard foi inserindo em seu setlist essas composições autorais que, a cada show, passavam a ser mais pedidas pelo público.

Com esse incentivo, o The Gard entrou em estúdio e saiu de lá com seu primeiro álbum, “Madhouse”, que tenta mesclar a sonoridade dos anos 1970 com o rock mais moderno, além do uso de instrumentos pouco usuais no estilo. Apesar de todo esse esforço, prevalece em todo o álbum uma sonoridade característica da década de 1970. O que não é, nem de longe, um demérito. Ao contrário, “Madhouse” tem tudo para agradar aqueles fãs de um rock and roll com seus momentos de peso e velocidade mas que, no geral, investe em uma cadência e em um andamento quase progressivo e psicodélico em sua quase completude.

De cara o The Gard faz uma escolha arriscada e abre seu álbum com uma versão bastante particular de “Immigrant Song”, do Led Zeppelin. Digo que é uma escolha arriscada porque essa versão tira todo o peso da original para lhe dar uma capa bem diferente do que estamos acostumados a escutar. No press release do álbum o vocalista Beck explica qual foi a intenção da banda nessa regravação: “A releitura de Immigrant Song vem com uma cara moderna. O novo arranjo tem peso e não cai nos clichês do metal. Valorizamos alguns elementos da música original, e das versões ao vivo tocadas pelo Led, e colocamos a identidade da The Gard na música: a batida é outra, acrescentamos um violão tocado ao estilo fingerstyle, gravamos um baixo com whammy e distorção, deixamos a harmonia mais densa e étnica/tribal e o próprio riff sofreu alterações”. Devido a isso, a primeira vez que essa versão da banda é ouvida há uma sensação de estranhamento, que, com a repetição, passa. O The Gard chegou mesmo a produzir um clipe para a música, que pode ser conferido aqui.

Passando por ela, temos “Play of Gods”, música que tem todo o clima dos anos 1970; “Madhouse” faz um contraponto, por ser mais pesada e trazer uma sonoridade mais moderna; “The Gard” é a mais variada dentre elas, até porque, com mais de dez minutos de duração, tem mais espaço para flertar especialmente com o rock progressivo, também característico dos anos 1970; “Music Box” dá uma pisada no freio, sendo a música mais cadenciada de todo o álbum, quase uma balada; “Back to Rock” já mostra um hard rock bem tocado, com um bom ritmo e um refrão bem legal; “Kaiser of the Sea” volta ao ritmo mais cadenciado e lembra, em diversos momentos, muito o que o Black Sabbath fazia em seus primeiros álbuns; finalmente, “Panem et Circenses” segue nessa mesma linha, com uma forte influência do rock setentista e fecha esse álbum.

No fim das contas, o The Gard fez uma estréia sólida, com um álbum bastante cadenciado onde o peso fica em segundo plano. Deve agradar principalmente fãs de bandas originadas na década de 1970 ou posteriores, mas que compartilham da mesma sonoridade.

Agradecimentos: Som do Darma

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