Resenha: “Jesus, Intense Weeping” – Calvary Death

Que Belo Horizonte foi um pólo exportador de bandas de heavy metal, especialmente das vertentes mais extremas do estilo, nos anos 1980 e 1990 não é segredo. É chover no molhado mencionar nomes como Sepultura, Overdose, Sarcófago e Sexthrash como alguns dos principais representantes da cena belorizontina da época.

O legal dessa cena efervescente é que ela ultrapassou as fronteiras da capital mineira e alcançou diversas outras cidades do estado produzindo pérolas do gênero. O Calvary Death (Ruddy – vocal e guitarra, Tarciso – guitarra, Rogério – baixo e Mércio Gomide – bateria) é um dos grandes nomes do death metal mineiro e uma das primeiras bandas do interior do estado a conseguir projeção nacional. O grupo surgiu em 1987 e, depois de duas demos, finalmente lançou seu primeiro álbum, “Jesus, Intense Weeping” em 1994, pela Cogumelo Records que, em seu esforço para resgatar grandes bandas do heavy metal nacional relançou o petardo agora em 2019. Um presente para qualquer fã de bom e velho death metal old school.
  

Jesus, Intense Weeping” é aquele tipo de álbum que coloca um sorriso (maligno) no rosto dos apreciadores do gênero já nos primeiros acordes de sua faixa de abertura, “Sacred with Blessed”. É impressionante o trabalho da banda ao longo dos quase 55 minutos desse álbum. O Calvary Death segue à risca a cartilha do death metal de maneira sensacional. Estão lá os vocais guturais, as guitarras ora rítmicas, ora à velocidade da luz, o baixo pulsante e, principalmente, a bateria quase inumana. Sério, é difícil imaginar como Mércio consegue manter a velocidade, precisão e peso do seu instrumento sem sair carregado de uma apresentação ao vivo.

Uma coisa que me surpreendeu, de maneira bastante positiva, pois eu admito que não conhecia o som da banda, é a fúria contagiante presente no som dos caras. É difícil para mim escrever essa resenha com “Jesus, Intense Weeping” rolando no fundo sem jogar esse computador pro alto e sair batendo cabeça descontroladamente. É um esforço quase sobre-humano ficar parado enquanto coisas como “Reborn from Hell”, “Spiritual Suffocation” ou “Gritos da Boca do Inferno” estão sendo executadas.

Em resumo, “Jesus, Intense Weeping” é, sem sombra de dúvidas, um dos álbuns mais intensos, furiosos e contagiantes produzido pela cena do metal extremo mineiro. Mesmo sendo afeitos a elogios tão rasgados é preciso dizer que a Cogumelo tem feito um trabalho muito bom em resgatar essas pérolas e devolvê-las ao mercado em um formato digipack caprichado, ainda mais quando envolve bandas com um histórico tão complicado (e mesmo trágico) como a Calvary Death, que lançou apenas mais um álbum (“Serpent”, de 2009) e que perdeu o vocalista Ruddy em 2012. Isso torna, além de sua qualidade já exaltada por todo este texto, “Jesus, Intense Weeping” um item obrigatório para todo aquele fã do bom e velho death metal.

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