Resenha: Deadland – Chakal

Formado em 1985 em Belo Horizonte por William Wiz (bateria), Destroyer (baixo) e Mark (guitarras), o Chakal fez parte da primeira onda do heavy metal mineiro, que revelou nomes como Sepultura, Sarcófago, Overdose e Mutilator, dentre outros. Assim como a maioria de seus compatriotas de então, o Chakal figurou na primeira coletânea Warfare Noise, lançada pela Cogumelo Records em 1986, já com a adição do vocalista Sgôto. Naquele mesmo ano, a banda já havia lançado uma demo Children Sacrifice e, em 1987, o álbum de estreia, Abominable Anno Domini, colocou a banda definitivamente no roll do grupos mineiros de metal extremo a serem observados.

Infelizmente, constantes mudanças de line up não permitiram que o Chakal capitalizasse em cima  do sucesso de sua estreia tanto quanto poderia. Mesmo com esses problemas típicos de bandas do metal extremo nacional, o Chakal perseverou e lançou dois álbuns na década de 1990: The Man Is His Own Jackal (1990) e Death Is a Lonely Business (1993), ambos pela Cogumelo. Então o grupo entrou em um hiato que durou nove anos. Em 2002, a banda se reuniu para alguns shows e trabalhou em um novo álbum, Deadlands, lançado em 2003 e relançado neste ano pela Cogumelo.

Tendo apenas Wiz da formação original ainda na banda, o Chakal de Deadland traz os vocais de Vladimir Korg (que estava presente em  Abominable Anno Domini), guitarras de Andrevil e baixo de Andrews.  E é, de longe, o álbum mais arriscado da banda, o que o torna de difícil digestão. Deadland é daquelas obras em que são necessárias diversas audições para se entender a proposta da banda e, a partir daí, apreciá-la (ou não).

Quem está acostumado a ler meus textos por aqui deve ter reparado que, várias vezes, eu destaco como a primeira música de um álbum é um cartão de visitas para o resto dele. Deadland, faixa que abre este álbum, não tem essa característica. Ela começa com batidas tribais, guitarra praticamente limpa e um vocal não muito habitual dentro do thrash/death, tudo isso mesclado a transmissões radiofônicas e vocalizações. Logo ela descamba para algo que é difícil de rotular, mas que, se fosse obrigado a tal, diria que lembra muito o famigerado nu-metal (ainda que feito com mais qualidade do que na maioria das produções de bandas do estilo).

Amputation Prayer segue nessa mesma levada, mas com guitarras mais pesadas e um vocal mais gritado/desesperado (por falta de termo melhor). Communication Room é praticamente uma vinheta, com apenas 57 segundos e abre caminho para a faixa mais “fácil” e direta do álbum, Call of the Undead. Lazarus Walts mantém o peso, enquanto que Liar (Safe Place) volta às experimentações, mas traz bons riffs de guitarra e um trabalho de vocal que a torna um dos destaques individuais de DeadlandFlying to the Empty Fade Out fecham o álbum de maneira mais ortodoxa, um metal pesado e mais digerível.

O fato de não ser facilmente rotulável é um dos motivos de Deadland ser difícil de ser classificado e apreciado de cara. No entanto, após duas ou três audições, é possível perceber que o Chakal estava em um belo lugar em termos de criatividade e entrosamento, tornando este uma boa pedida não só para os fãs da banda, mas para aqueles que apreciam grupos de metal que fogem dos clichês do gênero em suas composições.

Ouça a edição mais recente do Programa Rock Master:

Se preferir, clique no banner abaixo e escolha qual edição do Programa Rock Master quer ouvir: