Resenha: Diáspora – Brigada do Ódio

Surgida no comecinho dos anos 1980 em Mauá, no estado de São Paulo, a Brigada do Ódio é uma das pioneiras do grindcore, um dos estilos mais pesados dentro do subgênero da música extrema – na verdade, é seguro dizer que é O mais pesado. Muitos, inclusive, dão à banda o título de criadora do estilo. Talvez pela opção de praticar uma sonoridade caótica e da época em que surgiu, a banda nunca chegou a um nível de relevância comercial, ainda que seja até hoje cultuada dentro de nichos específicos da música pesada.

E é por causa desse culto e da relevância para o gênero que a Cogumelo Records em parceria com a Voice Music relançou toda a discografia da banda dentro de um pacote só. Intitulado “Diáspora” – que é o nome do EP da banda lançado em 2006 – essa nova versão vem com o conteúdo do split lançado em 1985 ao lado do Olho Seco, “S/T 7″”, de 2002, o supracitado “Diáspora” e ainda faixas gravadas pela banda quando ainda levava o nome de Infratores (1984).

O pacote é bem bacana e segue a mesma linha das releituras que a Cogumelo vem fazendo: CD slipcase, com pôster 36×36 e encarte que, dessa vez, traz um relato dos primeiros dias da banda tanto em português quanto em inglês, além das artes originais das capas de todos os álbuns contidos no CD.

Alguns dizem que a função de bandas de grindcore não é criar e sim destruir música. A Brigada faz isso de maneira bem competente em todos os momentos aqui apresentados. São 50 músicas que, ao todo, chegam perto da casa dos 33 minutos, dando uma média de 40 segundos por música. Todas elas, à exceção de “Ódio”, que abre o CD e tem uma pequena introdução de piano, seguem a mesma fórmula: pé baixo em todos os instrumentos e, em pelo menos 48 das 50 músicas, vocais gritados/grunhidos e ininteligíveis. Me lembrou muito o trabalho dos americanos do Anal Cunt que, claramente foram influenciados pela Brigada.

Com esse lançamento a dupla Cogumelo/Voice resgata mais um nome importante da história da música extrema brasileira e o apresenta a uma nova geração. O que a Brigada do Ódio faz é música caótica, barulhenta e, claro, muito rápida, com uma carga de raiva e fúria pouco vista em qualquer outro lugar. É um tipo de sonoridade que agride aos ouvidos, por isso, acaba sendo reservada apenas para audiências seletas.

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