Olha aí mais uma colaboração do Rodrigo Monteiro para o Rock Master!
O Sagrado Inferno é uma das bandas pioneiras da cena metálica de Belo Horizonte. Formada em 1983, por Markinhos (baixo), Dilsinho e Silvinho (guitarras), Ronaldo (bateria) e Rogério (vocal), a banda gravou apenas uma demo tape com três músicas, mas participou de diversos shows e festivais em BH, ao lado de grupos como Overdose, Witchhammer, Chakal, Mutilator e Sepultura.
A trajetória inicial do Sagrado Inferno foi interrompida em meados dos anos 1980 quando da morte de Silvinho em um acidente enquanto tocava com um de seus projetos paralelos no Espírito Santo. Os integrantes se afastaram e assumiram vidas “civis”, por assim dizer. Até que em 2013 Marquinhos resolveu retomar o projeto. Para isso, o Sagrado Inferno se tornou um trio formado por Markin (vocal/guitarra), Lucas (baixo) e Markinhos, que trocou as quatro cordas pelas baquetas. Uma coisa interessante aqui é que o Sagrado Inferno passou a ser uma banda familiar. A exemplo do que acontece com o Devachan, Markin e Lucas são filhos de Markinho.
Seis anos depois de retomar as atividades, o Sagrado Inferno lança seu álbum de estréia, através da Cogumelo Records. Intitulado “Bíblia do Diabo“, o álbum traz nove faixas inéditas e as três presentes na demo gravada nos anos de 1980.
“Bíblia do Diabo” é um álbum que remete bastante ao que se fazia no heavy metal – e, especialmente, no metal mineiro – da década de 1980, ainda que a produção esteja bem acima em termos de qualidade em comparação com registros da época. O Sagrado Inferno investe em um heavy metal bem old school, com faixas mais pesadas alternando-se com aquelas mais arrastadas, sombrias, flertando abertamente com o doom metal americano, especialmente nos vocais bem guturais de Markin e em seus solos. Bem encaixados, eles trazem toda a nostalgia do que se fazia na cena no dito metal extremo daquela época. Ainda que aqui, é bom repetir, o Sagrado invista mais na criação de climas e atmosferas do que na virtuose e velocidade características do heavy metal tradicional. É uma sonoridade crua, direta e bem feita.
A exemplo de outros nomes da cena belorizontina da época, o Sagrado Inferno também investe em letras em português e em temáticas bastante sombrias. Músicas como “Pena de Morte“, “Estupro Mental“, “Ataque Terrorista” e “Sua Doença Não Tem Cura” são alguns dos destaques dentre as composições novas. Já do material gravado para a demo tape, “Vida Macabra” é a faixa que merece ser destacada.
“Bíblia do Diabo” é mais um daqueles lançamentos da Cogumelo que não podem faltar na coleção de qualquer um que goste do heavy metal/doom metal produzido em uma das mais efervescentes cenas do movimento na década de 1980. Ou de qualquer um que goste de metal bem feito e bem produzido, mas sem firulas ou modernidades.
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