Resenha: Dream Theater volta às raízes com “Distance over Time”

Olha aí mais uma colaboração do Rodrigo ‘Piolho’ Monteiro para o Rock Master!

Depois de se aventurar por uma ópera rock longa e bastante elaborada que dividiu os fãs no álbum “The Astonishing” (2016), o Dream Theater voltou à sua fórmula mais usual em “Distance over Time”. O décimo quarto álbum da banda – quarto sem a presença do ex-baterista Mike Portnoy – foi lançado semana passada na América do Sul através da parceira do Rock Master, Hellion Records. A gravadora paulistana, que tem a exclusividade sobre “Distance Over Time” na América do Sul, deu um tratamento especial para o lançamento, que saiu tanto na versão normal quanto em slipcase (essa exclusivamente para o mercado tupiniquim) e ainda inclui um pôster da banda na primeira prensagem do álbum.

Em “Distance over Time” o Dream Theater volta a fazer o que faz melhor: rock/metal progressivo com o equilíbrio certo de peso e virtuose, sem exageros nem para um nem para o outro lado. Alguns fãs mais radicais podem reclamar da duração do álbum. Afinal um trabalho com nove músicas que nem chega aos 60 minutos não é algo usual do quinteto norte-americano, ainda mais quando nenhuma dessas músicas ultrapassa a casa dos dez minutos. Mas isso é algo que, como dito acima, incomodará apenas os mais radicais. Os demais fãs da banda deixarão isso de lado, concentrando-se na qualidade e não na minutagem das músicas.

Essas características tornam “Distance over Time” o álbum mais curto de toda a discografia da banda e o terceiro a não trazer músicas com duração acima dos dez minutos. Isso aconteceu apenas “When Day and Dream Unite” (1989) e em “The Astonishing” (2016). “Distance over Time” também marca a primeira contribuição do baterista Mike Mangini no que diz respeito às letras de um álbum da banda. São dele as letras para a quinta faixa do álbum, “Room 137”.

Tecnicalidades à parte, vamos ao que interessa: “Distance over Time” é um álbum excelente. Não é o melhor na carreira da banda, mas é o melhor desde que Mike Portnoy deixou o Dream Theater em 2010.

“Distance over Time” é aberto com “Untethered Angel”, primeiro single de trabalho do álbum. Ela é daquelas músicas que trazem algumas características indeléveis à banda. Começa harmoniosamente com a guitarra de John Petrucci antes de pegar ritmo e ter um bom desenvolvimento, com um bom destaque para os vocais de James LaBrie e os teclados de Jordan Rudess.

A maestria da dupla Petrucci/Rudess é algo que se observa no decorrer de todo o álbum, seja na criação de belos riffs (no caso de Petrucci), ambientações (Rudess) ou solos (ambos). Claro, o baixo de John Myung, ainda que discreto, mas sempre eficiente e bem colocado (ouçam a introdução de baixo de “S2N” e saberão o que digo) e a bateria de Mike Manigini, cada vez mais à vontade na banda, não ficam muito atrás, mas o destaque aqui vai mesmo para a dupla composta pelo guitarrista e pelo pianista. Músicas como “Paralyzed”, “Fall into the Light” e “Barstool Warrior” (que traz reminiscências de “Six Degrees of Inner Turbulence” devido à temática de suas letras) são bons exemplos desse entrosamento.

A sensacional “At Wit’s End” (mais longa faixa do álbum), “Out of Reach” (a balada que não pode faltar) e a meio experimental “Pale Blue Dot” fecham “Distance over Time” e também merecem destaque, cada uma à sua maneira.

No resumo da ópera, é seguro dizer que o isolamento em um estúdio no interior de Nova Iorque fez muito bem para o Dream Theater na hora de compor e gravar seu novo álbum de estúdio. A exemplo de obras primas como “Images & Words” e “Metropolis Pt 2: Scenes from a Memory”, “Distance over Time” é um daqueles trabalhos que ficarão marcados na carreira da banda, pois é um daqueles álbuns que escutamos do começo ao fim sem vontade de pular qualquer uma das faixas, tamanha a qualidade contida em cada uma delas.

Se “The Astonishing” teve uma recepção bastante dividida entre os fãs da banda, “Distance over Time” provavelmente será uma obra consensual, mostrando que, mesmo 30 anos depois de aparecer para o mundo com seu primeiro álbum, o Dream Theater ainda é uma das maiores, mais relevantes e mais importantes bandas do cenário da música progressiva de todos os tempos. Imperdível ter essa pequena obra de arte em sua coleção.

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