Resenha: “The Three Tremors” – The Three Tremors

Resenha: “The Three Tremors” – The Three Tremors

No começo do século, uma ideia interessante, com bastante potencial, circulou os bastidores do mundo do heavy metal. Bruce Dickinson (Iron Maiden), Rob Halford (Judas Priest) e Geoff Tate (ex-Queensrÿche) se uniriam em um projeto nos mesmos moldes daquele de Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti. O projeto, inclusive, se chamaria “The Three Tremors”, uma piada óbvia com a nome do projeto dos três cantores de ópera, “The Three Tenors”. Devido a uma série de razões comuns ao mundo da música pesada, o projeto nunca chegou a se concretizar. Mas a ideia ficou no ar.

Quase duas décadas depois, eis que o vocalista dos americanos do Cage, Sean Peck, resolveu ressuscitar o conceito. Para tal, ele convocou Tim “The Ripper” Owens (ex-Judas Priest, ex-Iced Earth) e Harry Conklin (Jag Panzer, Satan’s Host) e chamou seus companheiros de banda – os guitarristas Dave Garcia e Casey “The Sentinel” Trask, o baixista Alex Pickard e o baterista Sean Elg – para lidar com a parte instrumental. O resultado está no álbum auto-intitulado dos novos The Three Tremors, lançado por aqui no segundo semestre do ano passado pela Hellion Records.

Se a ideia de unir três cantores de heavy metal para se alternar nos vocais ao longo de um álbum é uma boa, aqui, infelizmente, ela foi mal executada. O grande problema se dá porque os estilos vocais de Peck, Owens e Conklin são muito semelhantes. Os três são vocalistas capazes de alcançar notas absurdamente altas e parecem querer superar um ao outro durante todas as doze faixas que compõem o álbum. Isso somado ao fato de se alternarem praticamente a cada frase de cada música é algo que também joga contra eles. Apenas os ouvintes muito familiarizados com o trabalho de cada um deles e que resolverem gastar bastante tempo prestando atenção em cada frase de cada música conseguirá dizer, com alguma carga de acerto, onde um vocalista termina e o outro começa sua participação em cada música do projeto. Isso joga muito contra eles, já que impede mesmo de analisarmos como cada um se saiu aqui. Da forma como a coisa foi feita, consegue-se notar apenas que os responsáveis pelos vocais aqui são adeptos do estilo “sirene aérea” popularizado por Bruce Dickinson e que permeia diversas variações do power metal atual.

Deixando essa falha de lado, “The Three Tremors” é um álbum que apresenta um power metal legal, ainda que nada diferente do que se ouve tradicionalmente na cena e com a aura do Cage tão presente que poderia se passar facilmente como o oitavo álbum da banda.

Surpreendentemente – ou não – os melhores momentos do álbum acontecem quando os vocalistas envolvidos resolvem parar de competir entre si e colaborar efetivamente para construir boas linhas vocais, de forma mais contida. São exemplos disso “When the Last Scream Fades”, “Wrath of Asgard” e “Sonic Suicide”. Dentre as músicas mais tradicionais – por falta de palavra melhor – podemos destacar a abertura “Invaders from the Sky”, “Speed to Burn” e a faixa título, que fecha os trabalhos.

No fim das contas, podemos dizer que a estreia dos Três Tremores deixou a desejar. Não é um álbum ruim, mas teve seu potencial desperdiçado devido a decisões criativas mal tomadas .A competição para ver quem segura a nota mais aguda por mais tempo deve ser muito legal de se ver ao vivo. Em uma gravação sem imagem, no entanto, ela não faz muito sentido. Vale pela curiosidade. E se você é um fã do Cage.

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