Resenha: Warfare Noise II – Witchhammer, Mayhem, Megatrash, Aamonhammer

Dois anos depois do lançamento de “Warfare Noise“, (1986) e de sua boa repercussão dentro do underground mineiro de então, a Cogumelo Records resolveu fazer uma sequência. A exemplo do anterior, o propósito de “Warfare Noise II” era apresentar para uma audiência maior o trabalho de bandas do metal extremo que, trocadilho bobo à parte, faziam bastante barulho na cena da época. Para isso, foram selecionadas Witchhammer – que viria a fazer história no cenário do metal extremo brasileiro –  Mayhem, Megatrash e Aamonhammer, cada uma delas contribuindo com  duas faixas com o melhor da “podreira” e pancadaria que poderiam oferecer.

Abrindo os trabalhos, o Witchhammer (Paulo H – vocais e guitarra, Casito – baixo e vocal, Leandro A – guitarra e Ted A – bateria) veio com “Intro”, “Weekend in Auschwitz” e “Degradation Process (R.A.D)”; a ela se segue o Mayhem (Gentil – vocais, Beto e Reinaldo Cavalão – guitarras, Renato Pururuca – baixo e Christiano Balão – bateria) com “Brain Mutilation” e “Insane Mind”; “Intro – Warriors of a Silence”, “Desire by Kill” e “End!” são as contribuições do Megatrash, banda formada por  Ricardo – guitarra, violão e vocal, Alexandre – guitarra, Marília – baixo e Alexandre Broa – bateria. Fechando a coletânea, o Aamonhammer, power trio formado por Geraldo (vocais e guitarra), Gordo (baixo e vocal) e Flávio (bateria) apresenta “The Decapitator” e “B.O.D.E”.

Assim como “Warfare Noise”, sua sequência traz um bom apanhado do que esses bons nomes do thrash/death metal mineiro tinham a oferecer na segunda metade dos anos 1980. Ele, inclusive, traz um repertório mais variado do que anterior, e mostra mais facetas do que vinha sendo feito de bom na cena da época. O Megatrash, por exemplo, foge um pouco do padrão das demais bandas presentes em ambas as coletâneas na medida em que Ricardo investe em vocais limpos, bem diferente dos gritos e guturais de seus companheiros, o que torna o som da banda relativamente mais acessível, por falta de uma expressão melhor. Isso faz com que “Desire by Kill” se torne um dos destaques individuais da coletânea.

O fato de investir em uma sonoridade mais esperada, no entanto, não torna as contribuições das demais bandas algo inferior. Muito antes pelo contrário, “Weekend in Auschwitz”, “Insane Mind” e “The Decapitator” mostram que Minas Gerais tinha uma cena muito movimentada, com bandas excelentes e que, em um cenário diferente, provavelmente estariam por aí até hoje, construindo carreiras sólidas, mesmo que restritas a canais e mercados que passam ao largo da grande mídia.

Relançada recentemente, “Warfare Noise II” foi gravada no Estúdio JG e tem todas as características daquela época, ou seja, um som bastante cru e “sujo”, mas, ao mesmo tempo,  bem produzido e adequado à sonoridade de cada uma das bandas envolvidas. Para esse relançamento em parceria com a Voice Music, a Cogumelo investiu em uma embalagem slipcase, que traz um pôster da capa e um encarte com fotos de cada uma das bandas, além das letras das músicas. Um item indispensável para qualquer fã do metal extremo produzido nos primórdios das cenas mineira e brasileira.

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